A base principal da produção da voz cantada é a respiração.
E sabes porquê?
Porque a respiração é a principal fonte de energia da voz.
Quando falo em respiração refiro-me à inspiração e … expiração!
Para que a saída do ar seja o mais controlada possível, a inspiração deve ser o mais eficaz possível, mas acredito que para ti isto não é novidade.
Vamos então olhar mais profundamente para a inspiração.
Na inspiração, devido essencialmente à participação dos músculos diafragma e intercostais externos, observa-se um movimento simultâneo de expansão da região torácica e abdominal.
O movimento do tórax ocorre devido ao movimento das costelas em 3 direções diferentes.
Ora se as costelas se movem o tórax também se move, porque as costelas fazem parte do tórax!
E o movimento do abdómen?
Também ocorre, por consequência da contração do diafragma que desce e provoca o movimento de expansão do abdómen.
Mas é preciso muita atenção aqui: o diafragma participa ativamente na inspiração apenas.
Quando a inspiração termina, inicia-se a expiração.
Os principais músculos que participam na expiração são os músculos abdominais oblíquos externos, oblíquos internos, transverso do abdómen e os músculos intercostais externos.
Agora vamos ver como funciona a saída do ar no canto.
No início da emissão de voz, os músculos inspiratórios intercostais externos participam nesta fase. Contraem-se para manter a pressão pulmonar e o fluxo expiratório necessários para o início da vibração das pregas vocais.
Confuso? Eu explico melhor.
Os intercostais externos ajudam a manter a posição das costelas afastadas, como se encontram no fim da inspiração (com a ajuda das costas), e atrasam o recuo do diafragma à sua posição de repouso, permitindo estender a exalação, sem haver esforço vocal.
À medida que a saída do ar decorre durante a emissão de voz, existe uma progressiva diminuição do volume pulmonar, os músculos inspiratórios relaxam-se progressivamente e os músculos expiratórios iniciam a sua participação.
Os músculos abdominais começam a ser recrutados para diminuírem o volume pulmonar, mantendo constante o fluxo expiratório.
A sua função é simples.
Controlar a velocidade da saída do ar.
Mas vamos ver se entendes.
Quando falo dos músculos abdominais, não me estou a referir ao músculo reto abdominal, aquele que fica acima do teu umbigo e se contrai quando te ris ou tosses. A ativação dessa musculatura no canto vai originar constrição da laringe, das tuas pregas vocais e um som tenso e comprimido. Tudo o que tu não queres que aconteça!
São aos músculos oblíquos externos, oblíquos internos, transverso do abdómen que participam nesta fase.
Então, o que acontece no corpo?
Um recuo progressivo e lento do abdómen e uma descida lenta e progressiva do tórax. Como consequência, o diafragma regressa à sua posição de repouso de forma mais lenta.
E quando isso acontece, o ar flui facilmente, é mais fácil encontrar o equilíbrio na fonação e na ressonância, porque é a gestão equilibrada do fluxo de ar expiratório que vai possibilitar em grande medida toda a estabilidade vocal.
Então, da próxima vez que cantares, analisa a tua respiração:
– Estás a movimentar maioritariamente o teu abdómen quando inspiras? O que está a acontecer ao tórax durante a inspiração?
– Existe movimento lento e controlado do teu abdómen durante a expiração? O o torax, como está?
– Realizas contração no teu abdómen quando cantas? Ele está bloqueado ao movimento?
Padrões respiratórios inadequados podem exigir um trabalho maior do que aquele que é necessário!
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